Quando se é pai ou mãe pela primeira vez, o filho não vem acompanhado de um manual de instruções didático e ilustrado. Nas fases iniciais é comum que os pais já prevejam suas próprias dúvidas, por exemplo, como manter conversação sobre determinados temas com o filho, como sexualidade, luto ou até mesmo definição de limites.
Hoje gostaria de falar sobre a questão dos limites e regras. É comum que muitos pais tenham dúvidas sobre como reagir diante de uma contravenção do filho, suponhamos que seu filho faça algo que você considere errado e sua reação seja bater nele. Pois, em sua mente, se ele fizer algo errado e você reagir causando-lhe dor, ele automaticamente não fará aquilo novamente.
Para a Psicologia Infantil, considera-se 3 fatores como influenciadores da formação da criança: a herança genética, as aprendizagens realizadas adquiridas desde o nascimento, e as influências da cultura que rodeia a criança. Nesse sentido, crianças são educadas de duas maneiras diferentes: a disciplina indutiva e disciplina coercitiva.
A disciplina coercitiva se fundamenta na “ameaça ou ao uso direto de força, punição física e privação de privilégios.” Neste tipo de disciplina os pais se impõem a criança com uma força motriz ameaçadora, uma espécie de ditador tirânico. De acordo com o artigo escrito por psicólogos “Bater não educa ninguém! Práticas educativas parentais coercitivas e suas repercussões no contexto escolar” práticas violentas com crianças podem resultar em perca de controle, com violência mais extrema ainda, e de acordo com muitos autores a disciplina coercitiva na infância pode resultar em adultos com diversos problemas psicológicos e comportamentais.
Estudos demonstram que crianças com histórico de apanhar na infância, durante a puberdade ou vida adulta apresentam dificuldade em socializar, realização de atos ilegais, configurando em um ciclo repetitivo de violência, com reproduções de agressões físicas e verbais para com outras pessoas, destruição de objetos, mentiras ou transtornos como depressão, ansiedade e baixa autoestima. Visto que, as crianças repetem aquilo que vivenciam em sua infância, pois é o que consideram como normal.
Percebe-se então um padrão de normalização da violência, em que os pais despreparados para a criação de uma criança, utilizam de meios coercitivos para educar a criança, sendo que esta em sua vida adulta, reproduzirá tais comportamentos com seus próprios filhos e assim por diante.
Assim, a literatura demonstra que tais práticas são negativas e no caso de dificuldades com os filhos, a procura de um psicólogo pode ser muito importante. A psicologia infantil pode auxiliar os pais a compreender a reação dos filhos a determinadas situações, bem como determinados comportamentos. A psicologia infantil se pauta na conversa e em atividades lúdicas para entender os comportamentos da criança e ajudá-la a liberar suas emoções.
Grandes psicólogos com abordagens psicanalistas tratam sobre o atendimento psicológico para crianças, como Anna Freud, Winnicott, Melanie Klein e Françoise Dolto. Para a psicanálise considera-se que a criança irá se expressar através do brincar, por isso, no consultório para atendimento infantil conta-se com algumas características e o psicólogo irá utilizar as ferramentas que considerar melhor para o caso em questão, como a caixa lúdica, com brinquedos específicos para cada criança, e que é informado a criança que somente será aberta esta caixa em sua presença.
Os pais possuem um trabalho importante no processo psicoterápico com a criança, os mesmos devem informar a criança o motivo de ela estar ali, desmistificando o processo de terapia, para que a mesma não sinta medo, além disso, os pais englobam o maior ciclo de sociabilidade da criança.
REFERÊNCIAS
Patias, Naiana Dapieve; Siqueira, Aline Cardoso e Ana Cristina Garcia Dias. Bater não educa ninguém! Práticas educativas parentais coercitivas e suas repercussões no contexto escolar. São Paulo, 2012.
Comments